sábado, 4 de agosto de 2012

Origens do rosacrucianismo

Neste post o objetivo é esclarecer alguns conceitos sobre as origens do rosacrucianismo, o que é, por que existe, quando iniciou e onde se iniciou.

Segundo os defensores e praticantes rosacrucianos, independente da organização em que atuam, concordam que seus ensinamentos são oriundos de estudos e práticas vindas das antigas civilizações, tais como o Antigo Egito, Grécia, Índia, etc. ganhando mais embasamentos através da evolução da ciência nos anos atuais. Algumas linhas definem sua origem aproximada nos anos 1350 a.C. onde sob os regimes faraônicos de Hatchepsut (1479-1457 a.C.) o quinto faraó e Tutmósis III (1457-1425 a.C.) o sexto faraó da XVIII dinastia egípcia, surgiram os primeiros indícios.

Capela vermelha de Hatchepsut em Karnak
Hatchepsut efetuando o ritual de fundação da capela vermelha em presença de Sechat
Templo de Hatchepsut
Tutmósis III e Hatchepsut na capela vermelha em Karnak

Existia nesta época então as escolas de mistérios onde iniciados reuniam-se para estudar os mistérios da vida e do universo, onde mais futuramente o décimo faraó da mesma dinastia (1352-1338 a.C.) haveria também sido iniciado. Este era Amenófis IV que após 5 anos de reinado se auto nomeou Akhenaton, ainda por muitos defendido a idéia deste ser o primeiro a tentar difundir a filosofia monoteísta na história.

Akhenaton e sua família em adoração ao deus sol

Através dos séculos foram notadas a presença destas escolas de mistérios em diversos lugares, tais como Frígia (posteriormente Anatólia), Grécia, etc. Mas com o passar dos anos, quando os ideais foram se difundindo pela Europa, por razões políticas e religiosas estes ensinamentos passaram a ser reprimidos e praticados na clandestinidade.

Os primeiros registros históricos utilizando as denominações de rosacruzes e o rosacrucianismo, apareceram a partir do século 17. Nesta época, uma crise religiosa rondava os crentes europeus, mais especificamente as disputas entre o protestantismo e o catolicismo, a reforma proposta por Martinho Lutero na Alemanha e o poder do papado em Roma. Contudo, justamente na Alemanha surgiram as séries de três manifestos nos anos de 1614, 1615 e 1616. Em linhas gerais estes manifestos chamavam para uma reforma universal privilegiando o humanismo, dando prioridade a dignidade humana e as liberdades individuais. Vale ressaltar que esta era uma proposta de reforma interior, espiritual e mística.

 

Os manifestos


O primeiro manifesto intitulado "Fama Fraternitatis" objetivava-se atingir aos dirigentes políticos e religiosos visando uma elite intelectual. Recontando a história alegórica de um fundador ficticio, Christian Rosenkreutz (o cristão para rosa e para cruz), um alemão nascido em 1378 e acompanhado de um monge em 1393 visitou Damasco, Egito e Marrocos, onde estudou as artes ocultas neste locais adquirindo sua sabedoria e então colocado por escrito o que seria somente revelado aos iniciados. Em 1407 novamente na Alemanha teria então fundado a Fraternidade da Rosa Cruz. Após sua morte (ficticia) em 1484, o manifesto reconta que em 1604, discípulos descobrem seu túmulo que permanecia desconhecido, tal cheio de objetos científicos e textos, sinal que o rosacrucianismo deveria renascer.

É importante ressaltar que a real existência de Christian Rosenkreutz não é comprovada, havendo rosacruzes que o aceitam como um personagem alegórico e outros que este realmente tenha existido. Do mesmo modo que Hiram Abiff.

O segundo manifesto "Confessio Fraternitatis", foi mais profético e afima que a humanidade chega ao fim de um ciclo, que a revelação do sexto tempo se aproxima, e que o papado cristão está condenado a desaparecer. Os rosacrucianos crêem que uma regeneração do homem deve ter seu lugar, regeneração esta possível através da ciência ensinada pelos rosacruzes.

O terceiro manifesto, "Casamento alquimico de Christian Rosenkreutz", diferente dos dois primeiros, apresenta uma viagem iniciática que se realiza em torno de um casamento Real em um castelo, e a história de forma geral simboliza a busca pela iluminação.

Em meio a uma época conturbada, os manifestos aumentaram muito o interesse e a controvérsia até meados do século 18, onde centenas de livros que abordam diferentes opiniões sob diverentes óticas sobre o assunto rosacruz são publicados. Por fim, o rosacrucianismo é um sincretismo vindo do hermetismo do Antigo Egito, passando pelos Essênios e absorvendo elementos místicos judaicos como a cabala, recebeu fortes influências Gregas, também inclui-se nesta lista a alquimia e as filosofias gnosticas cristãs.

Símbolo da rosa e da cruz

A ordem na América


O rosacrucianismo foi implantado pouco a pouco na América do Norte. Sendo mais especifico, Harvey Spencer Lewis (1883-1939) estudioso de várias áreas científicas haveria na França recebido em mãos os documentos que o permitiam e delegavam a responsabilidade de iniciar esta fraternidade no Estados Unidos. Desta forma se criou a primeira versão da ordem no novo mundo, a Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz (AMORC).

É importante destacar que os anos que se seguiram após a implantação, foram de grande impacto para a ordem na Europa. Diversos grupos esotéricos e sociedades ditas secretas foram severamente afetadas durante a segunda guerra mundial (1939-1945), seus adeptos foram perseguidos e vários terminaram seus dias em campos de concentração. Pois sob leis nazistas estas práticas passaram à ilegalidade. Os praticantes norte americanos por sua vez foram poupados, e isto explica a força da organização nos Estados Unidos ainda nos dias atuais.

Desde sua fundação em 1915 até os finais dos anos 1990 ocorreram diversos conflitos administrativos internos na AMORC, onde antigos membros da organização fundaram grupos independentes reivindicando-se como mantenedores dos príncipios rosacrucianos ou simplesmente por ideais políticos. No entanto a AMORC permanece a mais importante e bem organizada dentre elas, oficialmente registrada como uma organização sem fins lucrativos com o governo dos Estados Unidos. A Grande Loja anglófona da América está situadaa em San Jose, na Califórnia. Futuramente em outro artigo abordaremos sobre as divisões existentes.

 

Ser um rosacruciano hoje


Membros das fraternidades rosacrucianas se vêem como pesquisadores místicos em busca constante de conhecimento através do estudo e da prática. Em outras palavras, hoje em dia significa conduzir um desenvolvimento espiritualista não religioso, trabalhar seu desenvolvimento pessoal e fazer parte de uma fraternidade mundial e cosmopolita. As associações não exigem adesão religiosa de seus membros e todos são aceitos independentes de suas crenças, desde que estejam receptivos aos novos conceitos, dos quais se tem livre arbítrio em aplicar ou tomar como verdade.
De forma geral os ensinamentos são divididos em classes de aprendizado e estudo, o que equivale aos graus de conhecimento. Cada grau abordando diferentes temas e os trabalhando de forma mística, onde cada adepto pode e deve evoluir de acordo com seus trabalhos e seu empenho.


No próximo post será abordado sobre as principais ordens rosa cruzes existentes.


ASS.: O Eterno Aprendiz

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